quarta-feira, 29 de junho de 2011

Para dono do Habib’s, só preço justo não basta

Alberto Saraiva, dono da maior rede de fast-food do Brasil, dá conselhos a pequenos e médios empresários






jornal Estadão
Se quiserquiser comprar uma briga feia com Alberto Saraiva, presidente e fundador do Habib's, basta discordar da sua política agressiva de preços. O empresário, que criou a maior rede de fast-food do Brasil graças às esfihas que custam poucos centavos, garante sem medo de errar que a receita do sucesso para qualquer negócio é uma só: vender pelo menor valor possível.
Esse foi o principal tema do encontro, promovido pelo Estadão PME, entre Saraiva e seis pequenos e médios empreendedores na sede do Habib's, localizada no bairro do Morumbi, na cidade de São Paulo, e cuja íntegra você confere na edição desta quarta do Estadão.
Durante o café da manhã, os participantes puderam compartilhar experiências, tirar dúvidas e pedir conselhos para o empresário sobre a administração de seus negócios.
Abaixo, veja os principais temas abordados no encontro e descubra se as dicas do empresário podem ajudar no seu pequeno ou médio negócio:
Preços
Saraiva acredita que a melhor maneira de conquistar muitos clientes e multiplicar o faturamento é vender produtos e serviços pelo menor preço possível. "Aprendi que o sucesso de uma empresa não vem dos cálculos de custos, mas da capacidade de conseguir sempre mais clientes", afirma.
Para negócios em crise, por exemplo, Saraiva recomenda a redução da margem de lucro para baratear o principal produto da empresa. E não pode ser qualquer desconto. "O empreendedor tem que diminuir o preço de uma maneira que até ele se surpreenda", recomenda. Afinal, segundo o empresário, "preço justo não vende."
Marketing
Oferecer produtos e serviços de qualidade também é uma boa forma de conquistar novos clientes. Se o preço baixo ou a apresentação do produto deixarem o cliente em dúvida, é hora de investir em marketing. "As qualidades da empresa precisam ficar claras para o mercado. Se existem dúvidas, uma maneira de resolver isso é pedindo ajuda ao marketing, para que a informação chegue de maneira correta."
Negociação
Mas o que fazer quando uma empresa não fecha contratos? Saraiva acredita que o primeiro passo é identificar quais produtos vendem e quais não vendem para, depois, garantir que a equipe de vendas esteja bem treinada.
A forma como a apresentação da empresa é feita também é importante. Portanto, o material de propaganda do negócio tem influência direta no resultado final de qualquer negociação, garante o empresário.
Qualificação
A falta de mão de obra capacitada é um problema que atinge quase todas as empresas, afirma o fundador do Habib's. "O empreendedor precisa saber formar pessoas, identificar quem é diferenciado e investir nele para ocupar postos estratégicos no futuro."
Ele recomenda ainda a contratação de profissionais especializados em áreas estratégicas para auxiliar o proprietário na tomada de decisões. "Há momentos em que a empresa fica maior do que você. Nessas horas, temos que admitir pessoas de fora", diz.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Expansão do Walmart conta com pedreiras

Falta de mão de obra qualificada e interesse social
Mulheres no canteiro de obras motivaram contratação de mulheres



Naiana Oscar - O Estado de S.Paulo
Com planos de investir R$ 1,2 bilhão na construção de 80 novas unidades, o Walmart encontrou uma saída para amenizar os problemas causados pela falta de mão de obra qualificada que assola a construção civil: vai contratar mulheres para trabalhar como pedreiras em suas obras. O primeiro canteiro a receber operárias na equipe é o de São Bernardo do Campo, em São Paulo, onde a varejista vai inaugurar no fim do ano uma loja da rede Sam"s Club.
Das 200 vagas de pedreiro que serão abertas nesse empreendimento, 50 já foram preenchidas por mulheres - todas alunas do curso de construção civil do programa "Mulheres Construindo Autonomia", desenvolvido pela prefeitura com a Secretaria de Políticas para Mulheres, do governo federal.
"Uma das vantagens é que essa mão de obra já está capacitada", disse Daniela De Fiori, vice presidente de Sustentabilidade do Walmart. "Por isso, já estamos firmando parcerias com outras prefeituras do País, onde temos obras previstas." Das 80 unidades anunciadas para este ano, a varejista já inaugurou 12.
A companhia foi a primeira empresa privada a aderir por iniciativa própria ao programa da Secretaria de Políticas para Mulheres, que desde o ano passado capacitou 5,2 mil operárias da construção civil em oito Estados. As demais parcerias foram motivadas por exigências do governo federal em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "A iniciativa do Walmart dá início a uma nova fase do projeto de qualificação de mulheres para construção civil", diz a ministra Iriny Lopes. "A partir de agora, vamos criar novas turmas apenas onde haja garantia de contratação por algum empregador."
Para o Walmart, a contratação de pedreiras traz benefícios em duas frentes, segundo Daniela De Fiori: além de garantir mão de obra qualificada nas obras, a iniciativa tem caráter social. "À medida que conseguimos melhorar a renda das mulheres, ajudamos a sociedade também, porque elas são responsáveis por 80% das decisões de compra."
No grupo de pedreiras que começaram a trabalhar na obra de São Bernardo do Campo, está a ex-faxineira Cosmira Souza Nunes, de 38 anos - mãe de quatro filhos e com o marido desempregado. Ela trocou as casas de família pelo canteiro de obra depois de passar pelo curso de pedreira. Com as faxinas, em quatro lugares diferentes, Cosmira conseguia uma salário mensal de R$ 600. Como pedreira, ela recebe R$ 1,1 mil. "Com horário para entrar, sair, almoçar e descansar."
A vice presidente de Sustentabilidade do Walmart relaciona a contratação de mulheres nas obras com a tendência mundial do grupo de aumentar o número de funcionárias - também em cargos de liderança - em seu quadro. No Brasil, dos 83 mil funcionários da rede, 51% são mulheres. No alto escalão, no entanto, elas não passam de 35%. 

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Material enviado pela aluna Jéssica Beker


Escritórios coletivos são opção para quem deseja trabalhar e fazer networking em SP





Danilo Schramm
Em São Paulo


Eles são advogados, arquitetos, agrônomos, engenheiros e designers.  Não trabalham na mesma empresa, mas todos possuem uma característica em comum: compartilham o mesmo escritório. São, na maioria, profissionais autônomos, freelancers e pequenos empreendedores que atuam lado a lado num espaço coletivo. Esse é o conceito do coworking - escritórios compartilhados que oferecem serviços para profissionais que não têm ou não fazem questão de ter um lugar próprio para executar os seus trabalhos.
 Coletivo e descolado

Com dois escritórios compartilhados funcionando em São Paulo - um em Pinheiros e outro nos Jardins - o Pto de Contato conta com 70 clientes ativos por mês nas duas unidades. Segundo Fernanda Trugilho, sócia-fundadora do escritório, cerca de 95% das pessoas que procuram o coworking tem ideias pra montar um projeto. Geralmente são pessoas sozinhas ou equipes muito pequenas que estão começando um negócio.



“Tem gente que vem com a empresa começada, tem gente que só tem uma ideia na cabeça e quer vir aqui exatamente pra fazer networking para testar essa ideia e conversar com outras pessoas. Existem também empresas já estruturadas, compostas por cinco ou seis pessoas que procuram esse tipo de serviço justamente pra captar parceiros e clientes”, explica Fernanda.
 
O escritório oferece mesa com cadeira, internet banda larga, impressão, fax, scanner e sala de reunião, além de outros serviços que podem ser agregados dependendo da necessidade do profissional: ramal telefônico, secretária, motoboy. Basta levar o notebook para começar a trabalhar. Existem profissionais que preferem levar o seu próprio equipamento desktop para o escritório compartilhado. “Você chega e está tudo pronto. É plug and play”, diz a fundadora.

O Pto de Contato prefere não trabalhar com nichos, pois acredita que o networking funciona melhor quando existe a diversidade e é muito mais fácil encontrar alguém que complemente o seu serviço. Se você está montando uma empresa e não entende nada da parte jurídica, existe a possibilidade de ter advogado trabalhando ao seu lado e que poderá cuidar disso.

“O escritório coletivo é uma forma de reduzir custos porque eu gasto dinheiro só com as pessoas que estão alocadas dentro do meu projeto”, explica Ricardo Corrêa Carneiro, profissional que atua na área marketing digital.

Empreendedorismo social coletivo


Hub é um escritório de coworking onde todos os associados trabalham com diferentes propostas e uma única missão: formar um mundo melhor. A iniciativa surgiu em 2005, na Inglaterra, quando um grupo de empreendedores sociais sentiu a necessidade de criar uma estrutura com custos reduzidos para trabalhar e tocar os seus negócios. Assim, criaram um escritório compartilhado.

“Hoje no Hub temos 200 associados, todos empreendedores, na fase inicial de seus negócios que formam uma rede social de pessoas preocupadas com a sustentabilidade, educação, saúde e outras questões importantes para se construir um mundo melhor”, explica a diretora de operações, Barbara Stutz.

No Brasil, o Hub existe desde 2008 e reúne profissionais de áreas como arquitetura sustentável, energias renováveis, TI e comunicação, todos com propostas alinhadas, utilizando o mesmo espaço colaborativo. "Eles frequentam o Hub porque aqui você tem seu endereço comercial, seu escritório onde pode trabalhar, receber os clientes e fazer uma reunião a um custo baixo", diz Barbara.

Para o francês Alexandre Bretzner que trabalha para uma consultoria de energias renováveis, o Hub é um lugar tranquilo que tem o clima perfeito para trabalhar. "Aqui posso conversar e fazer contatos com pessoas que têm o mesmo foco. Se eu estivesse em casa, não teria motivação para executar meu trabalho. Rola uma sinergia legal”, diz Alexandre.

A diretora de operações explica que as pessoas que querem se associar são entrevistadas para que ela possa entender o que fazem e se estão alinhadas ou não com a missão do Hub. "Queremos ser reconhecidos como um espaço onde trabalham empreendedores sociais. O que a gente atrai pro Hub são pessoas que têm uma causa", diz Barbara.





Fonte:
http://noticias.uol.com.br/empregos/ultimas-noticias/2011/05/30/escritorios-coletivos-sao-opcao-para-quem-deseja-trabalhar-e-fazer-networking-em-sp.jhtm

domingo, 29 de maio de 2011

Enviado pelo Professor Luciano

AZUL SEGUROS

Missão
"Nossa Missão é assumir riscos e prestar serviços, garantindo agilidade, por meio de um atendimento familiar que supere expectativas, a custos competitivos."

Filosofia
A filosofia da Azul Seguros é comum a seus funcionários, dirigentes, acionistas, corretores e prestadores de serviços. Ela é orientada e se responsabiliza pelos seguintes valores, exemplos e compromissos:
         Cooperação, trabalho, sinceridade e justiça são nossos valores fundamentais.
         Funcionários, dirigentes, acionistas, corretores e prestadores de serviços são interdependentes, devendo lutar uns pelos outros.
         A concórdia interna e externa deve ser alcançada por meio de princípios éticos.
         O diálogo e a participação têm como objetivo estimular ideias e não atingir pessoas.
         Todos têm o direito e o dever de expor sua opinião como contribuição dentro de uma conduta igualitária e ética.
         A busca da perfeição exige humildade, determinação e paciência.
         Erros acontecem e devem ser corrigidos de imediato, com o sentido de oportunidade para melhoria e crescimento.
         O trabalho deve ser visto como carreira e não como ocupação.
         A dedicação de cada um não deve restringir-se às tarefas de sua função.
         Postura de simplicidade, sem personalismo.
         É nossa a responsabilidade pela manutenção de uma administração simples, informal, flexível, ágil e integrada.
         Não se beneficiar da função para vantagens pessoais.
         Criar oportunidades de trabalho produtivo e preparar sucessores capazes.
         Buscar o desenvolvimento e a realização dos funcionários, corretores e prestadores de serviços.
Visão 2012 Azul Seguros
Em 2012, queremos ser reconhecidos como uma Seguradora:
         Bela, leve, saudável e mítica;
         Em que a atitude de atender com genuíno interesse esteja sempre presente;
         Que seja referência por aplicar seus princípios éticos contidos em sua Filosofia Empresarial e por ser orientada por conceitos simples e profundos;
         Que seja referência por gerar soluções criativas, por aproveitar plenamente as oportunidade e por estar presente no cotidiano de clientes de todos os níveis de renda;
         Que propicia condições de aprendizagem, de crescimento e de desenvolvimento para seus Funcionários, Corretores, Parceiros e Prestadores de Serviços, dentro dos objetivos empresariais;
         Que respeita os Concorrentes e trabalha pela proteção e pelo desenvolvimento dos setores onde atua;
         Composta por empresas, áreas de produtos e áreas corporativas que cooperam entre si, em contínua expansão e interligam-se por princípios comuns de gestão;
         Dotada de processos de governança, de planejamento e de controles internos que potencializem a iniciativa, o autocontrole e a autonomia com responsabilidade, agilidade e bom senso;
         Sólida, admirada em razão de sua rentabilidade e de seu potencial financeiro e dotada de uma vasta e fiel rede de vendas;
         Que seja referência nos mercados em que atua, quanto à satisfação dos clientes, ao crescimento, ao clima organizacional e à responsabilidade social.
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Assim como as pessoas tem que ter objetivos, na empresa não é diferente. A empresa deve definir sua Visão, Missão e Valores a fim de que seus talentos saibam onde a “empresa quer chegar”. Usando como modelo uma empresa desenvolvedora de sites:
Visão: É a perspectiva da empresa a longo prazo, onde a empresa pretende chegar dentro de alguns anos, porem algo tangível. Ex.: ser a maior e melhor empresa desenvolvedora de sites do Brasil, com 1 filial em cada estado brasileiro.
Missão: É o que a empresa pratica hoje, são as atividades atuais da empresa. Ex.: Desenvolvimento de sites institucionais,transacionais, com recursos de download, upload, envio e recebimento de e-mail, vídeo conferencia etc.
Valores: São as qualidades que a empresa apresenta, adquiridas com o passar dos anos. Ex.: Tradição, Qualidade, Seriedade, Excelência, Competência etc.

Qual a importância de divulgarmos nas nossas empresas, esses conceitos?
Para que todos juntos trabalhem por uma “causa”,
Temos que motivar nossos talentos a dedicarem-se por uma causa que é a Visão da empresa, empregando os valores como ferramenta.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Enviado pelo Professor Luciano

Negócios depois da meia noite

Redes de casas noturnas crescem ao usar ferramentas tradicionais de negócios: estratégia e planejamento





Fernando Scheller - O Estado de S.Paulo

Tarde de quinta-feira. O empresário Facundo Guerra, 37 anos, recebe a reportagem do Estado em seu escritório - uma grande sala com cerca de dez mesas em círculo, onde funciona o cérebro de um negócio que inclui quatro casas noturnas em operação e duas que serão abertas até o fim do ano. Na mesa de Guerra - nascido na Argentina, mas naturalizado brasileiro - uma edição de Os Donos do Poder, de Raymundo Faoro. Entre decisões sobre DJs e decoração das novas casas, o empresário dá os toques finais em sua tese de doutorado sobre o voto eletrônico no Brasil.
O doutorando da PUC vê a carreira acadêmica como um "plano B" para o negócio da noite. As casas mais antigas de Guerra existem há seis anos, um longo período para um setor sujeito a "solavancos" até em apostas supostamente certeiras. A extinta Pink Elephant, por exemplo, erguida ao custo de R$ 4 milhões como reduto do público "AAA" paulistano, durou pouco mais de dois anos. Segundo fontes de mercado, a casa não conseguiu dar conta do faturamento volátil - algo comum na noite - e teve problemas de gestão. A empresa chegou a desafiar a lei, funcionando sem alvará.
Por isso, à medida que os negócios de Guerra ficam mais complexos, ele se concentra mais no trabalho diurno - à noite, só costuma frequentar o Lions, no centro de São Paulo, às sextas. No comando de uma equipe de 200 funcionários, o empresário hoje busca um diretor financeiro para garantir que seu "organismo em crescimento" continue com as contas em dia.
Após investir R$ 2 milhões no Lions, agora ele se concentra em duas casas menores - e mais baratas -, que serão inauguradas em São Paulo até o fim do ano. A Yacht, que funcionará no Bixiga, será um clube gay inspirado em um dos filmes preferidos de Guerra - Querelle, de Rainer Werner Fassbinder. "Quero brincar com a fantasia do marinheiro", explica. O outro projeto é uma casa de shows de porte médio, para cerca de mil pessoas.
Na administração, Guerra trabalha para unir os empreendimentos, que hoje têm CNPJs diferentes, em uma holding de entretenimento. O escritório administrativo é um passo nessa direção: "Com a unificação, corto custos", resume ele, que reúne uma variedade de sócios nos diferentes negócios. A otimização passa ainda pela criação de uma distribuidora de bebidas que abastecerá as casas da rede. Isso fomentará futuras expansões: para 2012, o empresário planeja entrar no mercado do Rio.
Enquanto o lendário Ricardo Amaral lamenta que o charme das noites de antigamente tenha se perdido e diz ter a "noite no sangue", Guerra diz encarar boates e bares como um negócio como outro qualquer: o sucesso se baseia em estratégia e planejamento. "Para ser sincero, acho que trabalhar na noite não tem glamour nenhum", afirma.
Fetiche. Na noite, diz Facundo Guerra, a melhor maneira de captar o público é criar um fetiche. "No Vegas, a ideia foi recriar Las Vegas; a Z Carniceria usa o matadouro, a Volt, o néon; e o Lions é um clube de cavalheiros", explica. O conceito certo pode ser a chave para a longevidade e também para gordos lucros. A Diageo, multinacional detentora de marcas como o uísque Johnnie Walker e a vodca Smirnoff, está entre as empresas que constantemente buscam parcerias para ações de marketing.
Embora a Diageo atenda hoje milhares de casas noturnas, seleciona somente algumas para promoções especiais. O Clube do Whisky, uma dessas iniciativas, se restringe a 200 bares no País. De acordo com a diretora de marketing da holding de bebidas Globalbev, Luciana Bruzzi, o relacionamento com as casas noturnas é muito importante para o setor de bebidas. "É no momento de lazer que a gente consegue fixar a marca para o consumidor", explica a executiva. "Muitas vezes, o que conta não é o volume, mas o produto estar presente nos lugares certos, onde vai o público classe A, verdadeiro formador de opinião."
O impacto de restaurantes, bares e casas noturnas na venda de bebidas alcoólicas no Brasil é relevante, embora o setor seja carente de pesquisas sobre sua importância na economia. De acordo com a Nielsen, cerca de 45% das vendas totais do setor se concentram fora do varejo tradicional. E o consumo está em expansão: no ano passado, a venda de bebidas alcoólicas movimentou R$ 48 bilhões no Brasil, crescimento de 14% sobre 2009.
Exclusivo. Além da atenção dos fornecedores, o "fetiche" certo garante também uma boa relação de custo-benefício. Se o conceito da casa for atraente, o cliente estará disposto a pagar mais para ser parte da proposta de entretenimento. Na opinião de Bruno Carneiro, sócio e gestor da naSala, que funciona há 11 anos em Belo Horizonte, o estilo de uma casa noturna deve partir dos donos. "Não adianta eu tentar adivinhar ou me adaptar à moda. Isso é sinal de preguiça por parte do empresário e afugenta o público-alvo", afirma.
No caso da naSala, a proposta é a de um clube exclusivo, que permite ao frequentador tanto dançar quanto conversar sem precisar gritar. A escolha, desde o início, foi atender a classe A não só de Belo Horizonte, onde a casa funciona o ano todo, mas também em Escarpas do Lago, onde se reúnem os (novos) ricos de Minas Gerais.
Nos principais feriados e no réveillon, a empresa transfere seus DJs e a estrutura de entretenimento para as margens da represa de Furnas. Promove festas exclusivas, regadas a buffet completo e open bar, a preços relativamente acessíveis - R$ 350 para homens e R$ 250 para mulheres.
A ideia do trabalho sazonal em Escarpas do Lago é trazer o público endinheirado para a boate de Belo Horizonte. E, de preferência, fazer com que a naSala ganhe caráter de consumo obrigatório. "Não me interessa cobrar preços exorbitantes na temporada. Quero manter a relação de consumo perpétua, aproveitar esse ímpeto da hora de lazer para garantir meu faturamento no resto do ano", explica o empresário.
Para solidificar a ideia de exclusividade na cabeça do consumidor, Carneiro e seus sócios não poupam recursos: de tempos em tempos, a naSala passa por uma reforma, período durante o qual a casa é fechada. A última reinauguração ocorreu no início deste mês. Toda a decoração do local foi repaginada ao custo de R$ 1,5 milhão.
Para o empresário, o segredo é que o cliente saia com a impressão de que pagou relativamente pouco pelo tratamento recebido - em Belo Horizonte, somente a entrada da naSala custa R$ 80. Pelo retorno sobre o investimento do negócio, ele julga estar no caminho certo: o valor aplicado na inauguração, em 2000, foi recuperado em oito meses. Para as duas casas planejadas para São Paulo e Florianópolis, que consumirão R$ 5 milhões (leia abaixo), o objetivo do quadro de oito sócios é que o dinheiro aplicado volte em 24 meses.
Para arrematar a ideia de exclusividade, a naSala criou um clube de 350 sócios que pagam anuidade para visitar a boate sempre que quiserem: o valor é de R$ 2.550 para homens e de R$ 900 para mulheres. Atualmente, 112 mineiros aguardam na fila de espera por uma cota.
A boate, que tem capacidade para pouco mais de 400 pessoas, permite a visita de 140 sócios por noite (cada um pode levar um acompanhante). Desta forma, estão quase sempre garantidas filas do lado de fora. O modelo, que vem sendo adotado em Minas há 11 anos, será replicado nos novos mercados da rede.
Adaptação. O professor Silvio Passarelli, diretor do MBA de gestão do luxo da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), afirma que as casas noturnas vivem da aura de exclusividade, mas, na maioria das vezes, a fidelidade do público tem data de validade. "As boates começam com um público mais formador de opinião, que depois migra para outras opções. É neste momento que vem uma segunda onda de pessoas, que não tiveram o passaporte no primeiro momento", explica.
Facundo Guerra passa por este processo no Vegas, na rua Augusta. Enquanto a entrada chega a custar R$ 80 no Lions, no Vegas o valor está por volta de R$ 30. Para o empresário, a Augusta passou por um processo de popularização. O público classe A, que revitalizou a região na década passada, deu lugar a um perfil de frequentadores heterogêneo, com presença da classe C - daí a necessidade de adaptar o preço. "O público tem um poder aquisitivo menor, mas a casa continua a funcionar. Está sempre cheia."