6 Grandes equívocos do
empresário de primeira viagem
Empreender é o sonho de muitos brasileiros. Na prática, muitas vezes se torna pesadelo.
Parte disso se deve a própria estrutura institucional brasileira que não favorece os pretensos empreendedores:
- elevado custo de capital,
- estrutura tributária ineficiente
- e instituições públicas morosas…
São alguns dos obstáculos que enfrentam aqueles que partem para esta empreitada. Mas o principal fator são os erros de planejamento e execução cometidos pelo próprio empresário.
Segundo o relatório Doing Business, emitido pelo Banco Mundial, que leva em consideração aspectos como: tempo médio gasto para se abrir uma empresa, facilidade em se conseguir crédito, segurança jurídica, legislação tributária entre outros… o Brasil figura na posição de número 127, atrás de países como Botswana, Chipre, Etiopia e inúmeros outros que você talvez reconhecesse apenas em um atlas. Isto denota como empreender neste país é tarefa complicada e como neste aspecto ainda estamos atrasados em relação às economias centrais e ditas desenvolvidas. O monitoramento realizado pelo SEBRAE SP constatou que a taxa de mortalidade das empresas até o 5° ano de existência atingiu em 2010 a taxa de 58%. Novamente, o principal fator de insucesso das jovens empresas repousa da inexperiência dos empreendedores.
"Pessoal, essa é nossa nova
sala de reuniões, ok?" -
empresário anônimo,
cortando custos
A inexperiência, todavia, pode ser trabalhada para aumentar a as chances de sucesso.
Em um exercício quase pedagógico vamos elencar aqueles que nos parecem as principais fontes de erros do empreendedor:
1. Desconhecimento do negócio
Além de variáveis como localização, estrutura física do empreendimento, publicidade e público alvo, o conhecimento da operacionalização de todo empreendimento – fornecedores, logística, contratação de funcionários, horário de funcionamento, pós venda – pode diferenciar os vencedores. Tudo isso deve ser feito na fase de planejamento do negócio, o famoso Plano de Negócios deve ser minucioso e rico em detalhes que orientem toda operação.
2. Não avaliar bem o custo do capital próprio e do capital de terceiros
A alta taxa de juros no Brasil tende a desestimular o investimento empreendedor o motivo é bem simples – para quê arriscar seu capital quando os títulos públicos no Brasil (praticamente livres de risco) estão pagando cerca de 12% ao ano (LTNs com vencimento em 2 anos por exemplo)?
O elevado custo de capital no Brasil é motivo de discussão entre os Economistas há algum tempo, e o reflexo imediato deste custo na economia é o elevado spread bancário brasileiro – diferença entre a taxa de juros que as instituições financeiras pagam na captação do dinheiro e a que cobram dos clientes. Pode-se dizer a grosso modo que a taxa de juros é o preço do dinheiro, com uma taxa básica de juros em 11,75% temos o dinheiro mais caro entre as principais economias do mundo. Fruto direto da política monetária brasileira, isto representa um sério desestímulo a atividade produtiva brasileira. Para se ter uma idéia a taxa similar nos EUA está em torno de 0,25% ao ano. Estes fatores tornam os financiamentos produtivos muito onerosos para os empreendedores e por isso chamamos a atenção para este ponto, ele é peça chave na decisão de se começar um negócio. Afinal, o retorno projetado tem de ser superior a este custo inicial de capital. Proponho a leitura desse ótimo artigo da UFPR para aprofundar seu entendimento sobre este intricado tema. 3. Subestimar a carga tributária para seu empreendimento
Não se iluda, você vai gastar muito tempo para entender como recolher os impostos que você deve pagar, e até porque paga-se tanto. Então não veja uma assessoria contábil como apenas mais um custo: ela é fundamental para colocar sua empresa nos trilhos. A legislação tributária brasileira vai dar origem ao maior e mais pesado livro do mundo(6 toneladas!), fruto do trabalho de um advogado tributarista como forma de protesto.
Impostos como o ICMS e ISS vão fazer parte de sua rotina então é preciso ficar atento a forma correta de recolhimento de ambos no seu negócio. Há ainda os impostos sobre a renda (Imposto de Renda) e as contribuições sociais (CSLL, COFINS), por isso é bom atentar para uma estratégia tributária na fase de planejamento. Neste sentido o trabalho do SEBRAE é bem competente e pode auxiliá-lo. Recomendo também a leitura dessas orientações no Portal Tributário. 4. Não estabelecer preços e política comercial de forma correta
Pode parecer tarefa simples a primeira vista, mas a correta precificação de seu produto é chave. Além de cobrir seus custos fixos e os custos variáveis (os que variam conforme a quantidade de produtos vendidos/produzidos) ele deve contribuir também para sua colocação no mercado, ou seja, seu preço também vai determinar seu posicionamento no mercado.
Seu público alvo e sua escala projetada de vendas são variáveis importantes para estabelecer seu preço.
Este é mais um daqueles temas que os empreendedores tendem a deixar para a última hora, grave erro. O estabelecimento correto de uma política comercial que englobe:
- preço,
- descontos,
- volumes ideais de venda,
- prazo de vendas
Vai fazer a diferença entre um fluxo de caixa saudável ou não. Por exemplo, se forem dados prazos aos cliente de 30 ou 60 dias serão dois meses antes do recebimento das vendas. Supondo que seu fornecedor foi pago à vista é preciso ter um fluxo de caixa coerente com esta política.
5. Administração financeira ineficiente
Lembre-se que em um empreendimento com mais de um sócio, aqueles que trabalham na empresa tem de ser remunerados pelo trabalho e pelo capital e os que apenas investem fazem jus a remuneração de capital. Desta forma, o estabelecimento do pró-labore correto e a separação entre os recursos próprios e os recursos da empresas são pontos críticos.
Muitos empreendedores relevam a importância do controle financeiro em suas empresas. Retirar dinheiro do caixa no final dia, usar cheque da empresa para despesas pessoais pode camuflar o real retorno de sua empresa, deixando-a a deriva em termos de controle e planejamento. A competitividade dos dias de hoje já não permite tais práticas, por isso uma boa planilha ou software de gestão financeiro se fazem instrumentos indispensáveis. Avalie corretamente seu custo mensal, sua necessidade de capital de giro e o dinheiro que deve ser direcionado para investimentos. Utilizar empréstimos bancários para cobrir despesas tem um custo elevado. Empréstimos devem ser usados para o investimento produtivo.
Manual prático do bilionário, apenas R$19,99. Err... não é bem assim
6. Não ter o real espírito empreendedor
É o “olho do dono é que engorda as vacas”.
Se você ainda acha que vai empreender para trabalhar menos e ter horários mais flexíveis, talvez seja melhor optar pela carreira pública. Todos os empresários que conheço sacrificam férias quando necessário, trabalham mais de 8 horas por dia e relatam noites mal dormidas em vários momentos da empreitada. Resumindo, se prepare para trabalhar como nunca antes de colher os louros.
Sucesso a todos aqueles que decidam empreender. Afinal, apesar de toda dificuldade que o país oferece é sob sua coragem que a roda da economia gira.
Algum de vocês tem a própria empresa ou está montando uma agora? Compartilhem suas experiências.
Fonte : Revista Papo de Homem